Dia: 24 de setembro, 2020

Torta de Biscoito Maria

Ingredientes:
2 gemas
1 litro de leite
2 colheres de amido de milho
2 latas de leite condensado
1 pacote pequeno de coco ralado
1 pacote de Biscoito Maria
1 colher de margarina Puro Sabor
4 colheres de chocolate em pó
1 barra de chocolate pequena

Modo de preparo:
Camada
– Bata no liquidificador o leite, o coco, 1 lata de leite condensado, as gemas e o amido de milho.
– Leve ao fogo baixo mexendo sempre até obter um creme liso e consistente. Reserve.

Para o brigadeiro
– Leve ao fogo 1 lata de leite condensado, a margarina e o chocolate. Mexa continuamente até obter um creme liso e consistente. Reserve.

Montagem
– Coloque um pouco da 1ª camada. Depois, mergulhe os biscoitos no brigadeiro e coloque por cima. Em seguida, coloque o restante da 1ª camada e raspe a barra de chocolate por cima da torta.

Fonte:
www.marcaestrela.com.br
www.facebook.com/OficialEstrela
www.instagram.com/estreladafamilia

Negócios

Os 10 passos para transformar o seu negócio em um milhão

Foto por picjumbo.com em Pexels.com

Como tornar o seu negócio um sucesso…

Você já pensou no seu negócio rendendo milhões? Esse é com certeza o sonho de todos os empreendedores. Mas qual é o segredo para transformar o seu negócio em ouro? Nós tentamos descobri-lo com os especialistas e compartilhamos com você.

1 – Autoconhecimento: A pessoa que conhece ou busca conhecer os próprios limites está sempre um passo à frente, pois se desafia diariamente. Algumas competências comportamentais são essenciais para o empreendedor de sucesso: Resiliência, visão de futuro, foco, capacidade de liderança, atenção aos detalhes.

2 – Conhecer bem o mercado que se pretende empreender. Conhecer os consumidores; o segmento que se pretende atuar; onde os consumidores se encontram; onde buscam conhecimento; onde procuram as novidades. Quem são os concorrentes e se existe algum produto substituto

3 – Ampliar sua rede de relacionamentos para divulgar seu produto e conhecer as novidades do mercado e os anseios do consumidor

4 – Planejar sua atuação;

5 – Investir na comunicação na rede;

6 – Ter uma boa gestão financeira;

7 – Se optar por e-commerce pensar a logística de entrega e a logística reversa;

8 – Ter um propósito de atuação com responsabilidade social, respeitando seus stakeholders, conhecendo e alinhando as expectativas;

9 – Estar atento às inovações. Principalmente aos produtos substitutos.

10 -Foco. Tem um ditado popular que diz que quando não se sabe aonde se quer chegar, qualquer lugar serve.  O empreendedor líder é aquele que sabe aonde quer chegar e consegue sensibilizar as pessoas a sua volta para segui-lo na mesma direção.

Livros das manas

As poesias de Florbela Espanca

As obras da poetisa portuguesa Florbela Espanca serão lançadas no Brasil, em versão digital, pela Primavera Editorial. Com edições bimestrais, o primeiro e-book da coleção Bela Flor será Poemas Selecionados, disponível para os leitores a partir de fevereiro. Com um design que ressalta o caráter erótico, cult e desconstruído da escritora, os livros terão prefácio de Larissa Caldin, publisher da Primavera Editorial.

Florbela Espanca é uma poetisa que já tem poema no próprio nome. Embora ofuscada muitas vezes pela figura de poetas como Fernando Pessoa, foi um dos grandes nomes da poesia portuguesa. Segundo Larissa Caldin, publisher da Primavera Editorial e autora do prefácio, um dos primeiros poemas de Florbela foi escrito aos sete anos, e ela o intitulou de A vida e a morte. “Florbela sempre teve uma necessidade de colocar para fora os seus sentimentos, o que torna a obra dela tão pessoal e biográfica. Com essa história de vida, ela nunca precisou levantar bandeiras, porque a própria existência em si já era a personificação da emancipação feminina na época. É impossível passar incólume à obra dela, que cozinha amor, erotismo e devoção – devoção esta muitas vezes submetidas ao amor por um homem, sim, mas sempre consciente em ser uma escolha, não uma imposição”, diz Larissa.

SOBRE FLORBELA ESPANCA: Nascida em 8 de dezembro de 1894, na região do Alentejo, Florbela Espanca – cujo nome de batismo era Flor Bela Lobo – é fruto de uma relação extraconjugal entre João Espanca e Antônia da Conceição Lobo, que a registrou como “filha de um pai incógnito”.  Com a morte prematura da mãe, passou a ser criada pelo pai e a esposa, Mariana do Carmo Toscano. O reconhecimento como filha legítima só veio após a morte da madrasta. Com 18 anos, Florbela iniciou o ensino secundário, sendo uma das primeiras mulheres a estudar, o que configurava um escândalo para a sociedade da época. Após se casar, a poeta decide voltar a estudar e ingressa a Faculdade de Direito de Lisboa – era uma das 14 mulheres entre 347 estudantes homens. Não foram apenas os estudos que tornaram Florbela uma mulher à frente do seu tempo. Em 1921, ela se apaixonou por António Guimarães e decide, então, pedir o divórcio a Alberto, primeiro marido (ela se divorciaria, depois, de Antônio também). Embora o ato tenha sido completamente condenado pela sociedade, Florbela não se importou; não queria seguir os mesmos passos da mãe, pois estava mais interessada em buscar a própria felicidade. Morreu aos 36 anos, de uma overdose de barbitúricos, deixando uma obra da mais alta qualidade literária.

Um café da tarde saboroso e saudável

Torradas, frutas e sucos

Que tal um café da tarde saudável?


Você sabia que o café da tarde é fundamental na rotina, ele fornecer energia e disposição para um dia mais produtivo?

O motivo é simples: entre uma refeição e a outra, evita-se há um longo período de jejum.

Por isso é necessária a ingestão de alimentos ricos em carboidratos, fibras e proteínas.

Há alimentos coringas, que colaboram para a criação de uma rotina alimentar mais equilibrada, por isso, aposte em receitas fáceis com a laranja, rica em vitamina C, e a maçã, que ajuda no controle do colesterol ruim, por exemplo. Outra opção são os laticínios, como queijo branco e ricota, repletos em proteínas e com baixas calorias.

Torradas com Maçã Cremosa

Ingredientes:
Creme de confeiteiro
400 ml de leite
60 g de farinha de trigo
125 g de açúcar refinado
1 colher (sobremesa) de essência de baunilha

Maçã caramelizada
2 maçãs vermelhas
2 colheres de açúcar
1 colher de Margarina
Torradas Tradicional
 para servir
Canela a gosto

Modo de preparo:
– Bata as gemas com o açúcar em uma batedeira até formar um creme branco. Acrescente a farinha de trigo e, por último, o leite.
– Coloque em uma panela e leve ao fogo até encorpar, mexendo sempre em fogo baixo. Acrescente a essência de baunilha para finalizar. Deixe esfriar.
– Corte a maçã em fatias não muito finas. Em uma panela, junte com os outros ingredientes e deixe caramelizar levemente.
– Arrume nas torradas o creme de confeiteiro e, por cima, as fatias da maçã.

Torrada com Geleia de Laranja com Gengibre

Ingredientes
10 laranjas
1 xícara (chá) açúcar
2 pedaços de canela em pau
20 g de gengibre fresco cortado em rodelas finas
Suco de meio limão
Torradas Integral para servir

Modo de preparo:
– Retire a casca de 4 laranjas, sem a parte branca. Corte as cascas em tiras médias, se preferir uma geleia com pedaços de fruta, ou em tiras pequenas, caso prefira bem lisa.
– Ferva as cascas cortadas na água e repita este processo três vezes. Reserve.
– Descasque as demais laranjas, mais as que foram descascadas, retirando toda a parte branca. Corte as laranjas em gomos, sobre uma vasilha para não perder o suco. Faça um sachê embrulhando os miolos e caroços das laranjas em uma gase e reserve.
– Em uma panela, coloque os gomos de laranja, o suco de limão, o açúcar, a canela e o sachê.
– Cozinhe em fogo baixo, por aproximadamente 2 horas. Na metade do cozimento, acrescente o gengibre e as cascas de laranja fervidas.
– Armazene em um vidro devidamente esterilizado.
– Sirva a geleia gelada junto com as torradas.

As torradas entram no cardápio por serem leves e nutritivas, podendo ser consumidas puras, com margarina ou outros acompanhamentos.


Torradas com Pasta de Ricota e Limão Siciliano

Ingredientes:
360 g de queijo ricota
200 g de creme de leite
Raspas de 2 limões sicilianos
Suco de 1 limão
2 colheres de sopa salsa e cebolinha picada
150 g de cream cheese
30 ml de azeite
Sal e pimenta à gosto
Torradas Light Vitarella para servir

Modo de preparo:
– Amasse a ricota e misture os outros ingredientes.
– Coloque em uma travessa quadrada e leve para geladeira.
– Sirva com torradas.

Receitas:

Para saber mais acesse o site: www.vitarella.com.br
Siga as redes sociais da marca pelo www.facebook.com/vitarellaOficial e www.facebook.com/chocolatedtone.
No Instagram @Vitarella @Chocolate.dtone

Manas News

Movimento HeForShe leva debate da igualdade de gêneros ao 5º CNMA dias 26 e 29 de outubro

Movimento HeForShe leva debate da igualdade de gêneros ao 5º CNMA

Mesa-redonda no último dia do evento amplia diálogo sobre os direitos das mulheres

O Movimento ElesPorElas (HeForShe) de Solidariedade da ONU Mulheres pela Igualdade de Gênero é um esforço global para envolver homens e meninos na remoção das barreiras sociais e culturais que impedem as mulheres de atingirem seu potencial. O tema será discutido durante uma mesa-redonda no último dia do 5º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio.

Segundo a show manager do evento, Carolina Gama, o tema é extremamente pertinente ao Congresso, já que o seu objetivo é ampliar o diálogo sobre os direitos das mulheres e acelerar os progressos para alcançar a igualdade de gênero.

“Esse é um desafio que só será vencido quando deixar de ser uma questão das mulheres para se tornar uma questão de todos, já que beneficiará toda a sociedade nos âmbitos social, político e econômico”.

O painel, que terá a duração de 40 minutos, será moderado pela diretora de Desenvolvimento de Mercado América Latina do CME Group, Roberta Paffaro e contará com os debatedores: Adriana Carvalho, diretora associada de Diversidade & Inclusão – Cone Sul da América Latina, na  EY; Olaf Hektoen, presidente Yara Brasil; Rodrigo Santos, Head da divisão Crop Science da Bayer para a América Latina; Aline Dotta, psicóloga mestre e especialista em Gestão de Pessoas e Cíntia Leitão de Souza, diretora do segmento de Agronegócio na Senior.

Desde seu lançamento nas Nações Unidas, em 20 de setembro de 2014, centenas de milhares de homens de todo o mundo, incluindo chefes de Estado, CEOs e celebridades globais de todas as esferas assumiram um compromisso com a igualdade de gênero, ampliando o diálogo sobre os direitos das mulheres e acelerando os progressos para alcançar a igualdade de gênero.

“Para o CNMA, movimento que apoia o empoderamento das mulheres no agronegócio, contar com ElesPorElas (HeForShe) na programação da edição comemorativa de cinco anos do Congresso é uma forma de reforçar nosso compromisso com igualdade para todas as mulheres e meninas”, reforça a show manager.

Toda a programação já está disponível do site do evento www.mulheresdoagro.com.br.

 CNMA

A edição deste ano do Congresso será realizada de forma on-line entre os dias 26 e 29 de outubro, das 9h30 às 13h. As inscrições têm valores diferenciados e podem ser feitas pelo site www.mulheresdoagro.com.br. Em ação especial, 30% do valor líquido arrecadado com as inscrições do evento serão doados ao Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM) em ação contra a violência doméstica.

A volta aos treinos…

Cuidado nunca é demais

Por: Claudia Cadilhe*

Após vários meses em casa, com a rotina das atividades físicas suspensas, a retomada precisa ser com muita cautela e, de preferência, com acompanhamento de um profissional capacitado para evitar algum tipo de lesão muscular.

Claudia Cadilhe, osteopata e fisioterapeuta do laboratório e clíncia Lach, no Jardim Botânico, enfatiza que recorrer a treinos caseiros, por exemplo, exige cuidados. Correr ao ar livre ou se exercitar em casa usando aplicativos de exercícios, executando o treino sem a devida supervisão de um profissional é um risco, principalmente para quem não está acostumado, pode resultar em lesões. “É importante se exercitar para manter a saúde física e mental, especialmente neste momento de confinamento. Mas alguns cuidados precisam ser tomados”, alerta a especialista.

Exercícios por eletroestimulação é a opção mais segura para quem quer se exercitar e, neste momento de pandemia, ainda não se sente confortável para frequentar uma academia. São aulas individuais de 20 minutos, com aparelho que potencializa resultados, garante mesmo efeito que 3 horas por semana em academia.

No laboratório e clínica Lach a procura pelos Treinos por Eletroestimulação (EMS) vem crescendo. O treino é feito com uma máquina que estimula os músculos, potencializando os resultados dos exercícios, de forma individual, com hora marcada e com ambientes e materiais totalmente higienizados para cada aluno. “O EMS é muito seguro e eficiente. É feito com apenas um praticante por vez, em sala isolada, garantindo atenção personalizada e privacidade”, explica Claudia Cadilhe, osteopata do laboratório e clínica Lach.

O equipamento de EMS faz com que 20 minutos semanais de treino sejam equivalentes a 3 vezes por semana em uma academia tradicional, o que também é uma boa saída para quem ficou com o tempo mais curto para se exercitar. “Muitas pessoas estão sem ter com quem deixar os filhos, por exemplo. Ou estão tendo que cuidar de todos os afazeres da casa além de home office. Ou seja, o tempo para o treino diminuiu. Sem falar que se você só precisa sair para treinar uma vez por semana e não três, você se expões menos e diminui os riscos de contaminação”, ressalta a especialista Claudia Cadilhe, acrescentando que os treinos também podem ser realizados na casa do cliente.

O acompanhamento de fisioterapeuta e Osteopata garante uma evolução segura e evita as lesões por exageros – tão comuns nas academias. Além disso, é preciso passar por avaliação clínica e exames antes de iniciar os treinos, uma vez que pessoas cardíacas ou com transtornos musculares não podem praticar exercícios por EMS. A clínica Lach também oferece o serviço de acompanhamento nutricional, para quem quiser potencializar ainda mais os resultados e retomar a saúde e boa forma o quanto antes.

Abaixo coloco dicas importantes para pessoas que só conseguem se exercitar em casa e precisam levar esses cuidados em consideração:

– Procurar fazer o exercício em frente a um espelho. Isso ajuda a manter a posição correta.

– Notar os sinais que seu corpo dá – doeu, não force mais. Procure identificar onde está a dor e alongue-se. Se a dor persistir, converse com seu médico.

– O uso de sapatos adequados também é importante. Não treine descalço. Um bom tênis amortece o impacto e aumenta o equilíbrio em determinados movimentos.

– É importante sempre lembrar de se aquecer antes de se exercitar. Algumas pessoas esquecem essa parte quando treinam por conta própria.

– Alongue-se depois do exercício, mas sem exageros. Alongamentos além do que você está habituado também pode resultar em lesão. Pare quando sentir a resistência do corpo.

– Comece devagar e evite exercícios mais complexos ou que você não está habituado. Se for recorrer a algum aplicativo, escolha um para iniciante e vá evoluindo aos poucos. Também é fundamental descansar os músculos, portanto, nada de treinar o mesmo grupo muscular todos os dias.

– Hidrate-se e alimente-se bem! – Treinar sem estar bem nutrido pode fazer com que o corpo sofra as consequências. É recomendável ingerir proteínas leves antes e depois do treino.

Alguns exercícios são mais arriscados de fazer sem supervisão. “O agachamento, por exemplo, é um movimento queridinho par pernas e glúteos e, teoricamente, fácil de ser executado em qualquer lugar, sem necessidade de aparelhos. Mas a execução errada deste movimento pode provocar sérias lesões nos joelhos e até mesmo na coluna”, explica Claudia Cadilhe.

Entre os erros mais comuns do agachamento está forçar o joelho para dentro. Portanto, se você não está acostumado com o exercício, o ideal é optar por outro. Curvar ou tencionar demais a coluna pode causar dores na lombar, portanto, é preciso contrair os músculos do abdômen durante a execução.

Aliás, exercícios abdominais também devem ser feitos com cautela, pois pode causar lesões na coluna e pescoço. “A dica de ouro, para todos é: conheça seu corpo, respeite seus limites e busque orientação para a execução correta dos movimentos. Algumas academias e personal trainners estão oferecendo aulas online. Para quem não tem o hábito de se exercitar sozinho, é melhor não arriscar”, finaliza Cadilhe.

*Osteopata e fisioterapeuta do Laboratório e Clínica Lach, no Jardim Botânico. Fisioterapeuta, com formação em RPG pelo Philippe Souchard, Osteopatia pela escola de Madrid e Eletroestimulação de corpo inteiro.

Viagem

Mas você está sozinha? 

Por: Mirella Falcão

Quem nunca ouviu isso por não ter um acompanhante em uma viagem, geralmente com comentários de que isso é inseguro? Mas será mesmo? Veja algumas dicas para perder o medo e planejar sua primeira aventura solo pós-pandemia. Se você é uma viajante experiente, que outras recomendações daria para as novatas?

Lembro como se fosse hoje o diálogo com meu tio, quando me levou ao aeroporto para a minha primeira viagem de férias sozinha. “Para onde você está indo?”, perguntava enquanto dirigia. “Vou para Espanha”, contei. “Tem alguém embarcando com você, não é?”, questionou ele. “Não”, respondi. “Ah, então você vai encontrar alguém lá?”, indagou ele e recebeu outro não como resposta. Voltou a perguntar já desconfortável: “Mas algum conhecido vai te hospedar?”. E ouviu novamente uma negativa. Ficamos naquele silêncio constrangedor por um tempo, enquanto ele provavelmente pensava a quão louca era a sobrinha dele. “Cuidado, viu?”, disse ao se despedir. 

Isso foi há exatamente dez anos. Mas não tenho dúvidas de que a cena pode se repetir com qualquer mulher que decida viajar sozinha pela primeira vez, porque ainda é algo que gera receios. Sempre que ouvimos que algo de ruim aconteceu com uma mulher viajante isso acaba reforçando essa ideia. Enquanto morava em Buenos Aires, em 2016, duas argentinas foram encontradas mortas em uma praia do Equador, Montañita. Recordo bem a polêmica no país gerada pelas críticas ao fato de que estavam viajando “sozinhas” – ora, se as duas estavam viajando juntas, não estavam sozinhas, mas se referiam obviamente a falta de uma companhia masculina. Por que precisamos de um homem para nos sentires seguros em uma viagem? Não é viajar sozinha que nos coloca em perigo e sim a cultura machista, que inclusive representa um risco até dentro de nossas próprias casas. 

Então, essa é a questão que deve ser considerada na hora de planejar uma viagem sozinha. Se o lugar é inseguro ou a cultura é muito opressora para as mulheres que ali vivem, provavelmente não será uma experiência tranquila para uma viajante. Por exemplo, nunca considerei viajar a países muçulmanos sozinha. Já fui a Marrocos, mas em um grupo de amigos (e, mesmo assim, sofri bastante assédio). Considerando isso, a Europa seria uma ótima opção para uma experiência inicial viajando só. Tailândia também é uma ótima opção: praias paradisíacas, festas, gastronomia maravilhosa e budismo – que com certeza influencia na amabilidade e abertura das pessoas do país. 

Além da questão cultural, esses destinos também possuem baixos índices de criminalidade. Pertinho daqui temos Argentina, Uruguai e Chile que são bem mais seguros que o nosso país. Teria ressalvas a algumas zonas da América Central, onde existe muito narcotráfico. Eu viajei para Colômbia com um certo receio. Concentrei meus dias em Cartagena e San Andrés, circulando pouquíssimo em Bogotá, onde uma amiga teve uma péssima experiência com homens armados invadindo um hostel em que ela estava hospedada. Sim, meus amores, isso pode acontecer em zonas consideradas perigosas, inclusive se você estiver acompanhada de um homem. É questão de não ser uma viajante alienada e investigar bem a realidade do lugar que vai. Inclusive para não viajar a países durante períodos de manifestações e protestos, algo que aconteceu no ano passado em vários países da América Latina. 

Dentro do mesmo país, também pode haver zonas consideradas seguras e outras nem tanto. No México, Acapulco não oferece a mesma sensação de segurança de Cancún e toda a zona da Riviera Maya, que realmente é mais blindada da criminalidade. Não quero dizer que existam lugares proibidos para mulheres viajantes, mas que estas questões devem ser consideradas para uma viagem solo, seja para decidir aonde ir ou para tomar precauções extras durante a sua estadia. Para as novatas, recomendaria priorizar zonas de baixa criminalidade e de culturas mais igualitárias, onde a probabilidade de sofrer uma violência seja menor.   

Obviamente, até na Suíça pode acontecer algo ruim. A cautela, de uma forma geral, serve para qualquer pessoa que está viajando só – inclusive homens. Buscar referências – melhor ainda, se femininas – de tudo que se deseja fazer, principalmente de hospedagens. Existem hostéis com quartos exclusivos para mulheres e isso pode ser uma segurança a mais. Não confiar plenamente em pessoas que você acabou de conhecer. Não andar só por zonas desertas, em especial à noite. Ter cuidado para não perder os sentidos, exagerando no álcool ou em drogas. Não descuidar dos seus objetos de valor e documentos. Perguntar sempre as pessoas do lugar o que é ou não aconselhável fazer, entre outras dicas de segurança. 

Deixar sempre alguém informado dos seus passos não te deixa menos livre: compartilha seus planos ao longo da viagem com um familiar ou um amigo que você sente abertura para contar sobretudo. Se for fazer algo que te gere alguma insegurança, como por exemplo encontrar alguém de aplicativo ou pegar uma carona, você pode compartilhar a sua localização em tempo real pelo Whatsapp – sempre faço isso com alguém que conheci no local onde estou hospedada. Usa a tecnologia a seu favor e ganha o mundo! 

Convenhamos que a maioria desses cuidados nós costumamos ter quando saímos dentro do nosso próprio país, que não é nada seguro para as mulheres. Então, não tenham medo, sejam sim precavidas e estejam preparadas para questionamentos sobre a falta de companhia, porque infelizmente alguns não concebem a ideia de que nós mulheres podemos desbravar o mundo sem um homem, usando a questão da segurança como um pretexto para nos limitar. Os errados são eles.

*Jornalista.

Música e a qualidade de vida



A música na vida das mulheres

Música: Qualidade de vida ou qualidade devida?

Por: Dani Tonon*

Sabemos que a música é uma ótima aliada no nosso dia a dia no combate do estresse e da monotonia, nos auxilia ao relaxamento e como passatempo, levando isso como senso comum, não há quem não goste de ouvir aquela canção que tem na playlist, cada uma com sua função: uma playlist para estudar, outra para treinar, para a hora da limpeza, para começar um clima na hora do romance esquentar e até uma para a hora de dormir quando temos dificuldade.

Quando pensamos na questão dos benefícios da música por outros ângulos entramos numa camada mais complexa e abrangente do que somente aliviar as dores comuns: a música auxilia no nosso convívio social, desenvolvimento motor, cerebral e até na terapia de algumas doenças.

Pesquisa

Numa pesquisa realizada por uma estudante de Mestrado em Enfermagem da Universidade de São Paulo foi analisado como a música favorece o relaxamento e houve melhora no alívio da dor entre pacientes com fibromialgia, onde mulheres são 90%, algo que é de grande importância, pois é uma doença com poucas respostas de tratamento. O uso da música ajuda a diminuir em até 30% o uso dos analgésicos.

Embarcando nesses estudos, uma educadora da Universidade de Quito, pesquisou que a música auxilia no tratamento ao Mal de Alzheimer, sendo esta uma doença que atinge muito mais as mulheres. Os pacientes com Alzheimer se recordam de situações e pessoas através da música, auxilia no bem-estar, na produção de hormônios que causam alegria e excitação e na memória. Foram vistos benefícios não só em sua vida, mas também pelas pessoas à sua volta.

A música consegue conectar e dar novas formas de comunicação à pessoas surdas, as que fazem parte do espectro autista, cegos parciais ou totais, pessoas com depressão; todas essas pessoas conseguem se expressar de alguma forma a partir da terapia com a música, alguns que não conseguem falar ou se expressar encontram apenas benefícios. As pesquisas relacionadas a música e depressão dizem que o uso da música nos casos de distúrbios do humor tem uma melhora progressiva e diminuição dos sintomas, melhorando a qualidade de vida, e sabemos que este é o mal das últimas gerações.

Também auxilia na recuperação de pacientes com AVC e, recentemente houve um caso de um paciente em coma por conta da Covid-19 que relatou ter tido forças pra resistir por ouvir sempre a enfermeira cantando enquanto ele estava inconsciente, isso só mostra o poder da música em nosso cérebro, como nos conforta e auxilia em diversos tratamentos, para inúmeras doenças e problemas que enfrentamos.

Pensando na melhor idade, a falta de firmeza na voz e a perda de audição causa dificuldade de comunicação, o que causa distanciamento social, prejudicando a qualidade de vida. Nas pesquisas realizadas por otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos também é visto que a maioria das mulheres acaba tendo a voz mais rouca e grave do que sempre teve, também há a perda da capacidade total respiratória, uso de próteses dentárias que também dificultam a fala. As atividades incluindo música, como participar de um grupo de coral ou bailes, proporciona integração e estimulação da capacidade motora e respiratória, além de fortalecer os músculos corporais e da fala, facilitando a comunicação oral e corporal.

Numa entrevista cedida pela Dra. Eliseth Ribeiro Leão sobre enxaqueca crônica, ela informa que há uma grande relação no tratamento da enxaqueca com a música, doença que atinge na maioria mulheres. No caso, devemos escolher músicas mais calmas e com menos instrumentos, mas há diversas pesquisas que concluem que a música equilibra a pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória e propõe o relaxamento muscular, além de diversas condições já citadas, aliviando as dores da enxaqueca, sendo um ótimo tratamento para a condição.

Indo para outro lado do panorama dos benefícios da música em nossas vidas, o aprendizado da música é muito importante desde os primeiros anos de vida, ajudando na atenção, percepção, concentração, coordenação motora, estimulando a criatividade e a socializar com os demais. É sabido que o período entre o nascimento até os dez anos de idade é onde as distinções entre sons e as preferências e memória musical se desenvolvem, mesmo nunca sendo tarde para começar a aprender, o benefício desse aprendizado é sempre bem-vindo.

A música auxilia na comunicação, se estamos ouvindo ou compondo, executando ou apenas apreciando. Quando nos identificamos com aquela letra ou batidas e ritmo, aquela guitarra, a sanfona ou até os instrumentos eletrônicos, qualquer que seja seu estilo, ela auxilia na nossa comunicação sendo falada ou corporal, chacoalhando a cabeça, gritando, chorando, abraçando, dançando, da maneira que for, conseguimos nos expressar. Quando não estamos bem logo ouvimos uma música que alegra e ajuda a nos concentrar em coisas boas.

Para estimular a mente a praticar exercícios a música é aliada principal. Numa pesquisa realizada em 2013 com praticantes em uma academia em Caxias do Sul foi analisado que, entre os praticantes que ouviam música, houve aumento no número de repetições em mais de 90% e 70% informaram que a música faz muita diferença na hora da corrida. Numa pesquisa no ano seguinte, ainda mais de 90% dos avaliados informaram sentir diferença no rendimento em treinar sem música. Quando analisados idosos nessas pesquisas as respostas são ainda mais significativas, pois informam que o uso da música nos exercícios afasta a sensação desagradável pelo esforço realizado nos exercícios longos e repetidos.

Um estudo feito em Taiwan verifica que ouvir música por 30 minutos por dia traz benefícios para a gestante e o bebê, diminuindo os níveis de estresse, ansiedade e depressão, também informando que a música ajuda no desenvolvimento do feto, aumentando a capacidade cerebral do bebê e aumenta o bem-estar. A obstetra responsável pela pesquisa também confirma que o bebê, ainda na barriga da mãe, consegue reconhecer o som e se acalmar, trazendo conforto também para a gestante, diminuindo cólicas e outras sensações desagradáveis. Especialistas ainda dizem que as músicas ouvidas com frequência enquanto ainda na barriga, se tocadas após o nascimento, podem ser reconhecidas pelo bebê após o parto, auxiliando a dormir mais rapidamente, pois carregam memória auditiva de até quatro meses retrospectivos.

Já sabemos que a música estimula a memória, a produção, o bem-estar, relaxamento. Em todos os âmbitos de nossas vidas ela é, se não importante, talvez essencial.

Com todos esses dados, já não é uma boa hora para dar play naquela sua playlist favorita?

*Multi-instrumentista, professora de canto, pesquisadora da voz e pedagogia musical. Faço um pouco de tudo e muito de quase nada.

“Se você treme de indignação diante de todas as injustiças, então é meu camarada”

IG @danitononeriketerra | @notonestudosmusicais

e-mail danictonon@gmail.com

Referências:

DOBBRO, Eliseth Ribeiro Leão. A música como terapia complementar no cuidado de mulheres com fibromialgia. 1998. 153 f. Tese de Mestrado (Escola de Enfermagem) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.

TOBAR, Cláudia. Benefícios de la música en el aprendizaje. Revista EducAcción de Grupo El Comercio, Universidad San Francisco de Quito, p. 35, junho, 2013.

SANTOS, Fabrina R.; CORONAGO, Virgínia M.M.O. Uso da Musicoterapia como Terapia Alternativa no Tratamento da Doença de Parkinson. Id on Line Revista Multidisciplinar e de Psicologia, Maio de 2017, vol.11, n.35, p. 341-360. ISSN: 1981-1179.

MARTINS, Ana C.; et al. Os benefícios da educação musical para crianças de 2 a 3 anos. Revista Perspectivas Online: Humanas & Sociais Aplicadas – Anais do VI CICC, v. 08, n. 22, Suplemento, 2018.

ILARI, Beatriz. A música e o desenvolvimento da mente no início da

vida: investigação, fatos e mitos. Revista eletrônica de musicologia, v. IX, Outubro, 2005.

SATALOFF, Robert T.; JOHNS III, Michael M.; KOST, Karen M. Otorrinolaringologia em Geriatria. Tradução Nelson Gomes de Oliveira – 1. ed. – Rio de Janeiro: Revinter, 2017.

CARVALHO, Lívia de Oliveira Teixeira Dias; CARVALHO, Nilson Dias; TEIXEIRA, Vera Lúcia Macedo de Oliveira. Música e qualidade de vida na terceira idade: um estudo exploratório. Revista Interfaces do conhecimento, Barra de Garças – MT, v. 02, n. 02, p. 21-30, Maio-Agosto, 2020.

BIM, Bárbara de Souza. O comportamento humano em busca de um sentido. Organização Vinicius Oliveira Seabra Guimarães – Ponta Grossa, PR: Atena, 2019.

STEIL, Juliana. Homem supera fase crítica da Covid-19 após coma e cita louvor: ‘Milagre’. G1, 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2020/04/08/homem-se-cura-do-coronavirus-apos-passar-7-dias-em-coma-em-sp-milagre.ghtml&gt;.

CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 11º, 2008, São Paulo. Os benefícios da música na prática da enfermagem. Apresentado por Gabriela Pereira Sá. 467-469.

SANTOS, Ivani Rosa dos. Análise acústica da voz de indivíduos na terceira idade. Dissertação (Mestrado em Bioengenharia) – Escola de Engenharia, Universidade de São Paulo. São Carlos, 2005.

ALVES, Antônio Gabriel de Lima; BELLINI, Magda Amabile Biazus Carpeggiani. Influência da música nos exercícios resistidos. Revista do Centro de Ciências da Saúde – Do Corpo: Ciências e artes, 2017, v.7, n.1, p. 128-147.

HIRATA, Silvio Matheus; BARBOSA, Andrá Frizo de Carvalho. A musicoterapia e sua inter-relação com a reabilitação neuropsicológica na doença de Alzheimer. Disponível em: <https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1308.pdf&gt;. Publicado em 08 de Julho de 2019. ISSN 1646-6977.

Escutar música na gestação traz benefícios para mãe e bebê. Folha Vitória, 10 de Agosto de 2018. Disponível em: <https://www.folhavitoria.com.br/saude/noticia/08/2018/escutar-musica-na-gestacao-traz-beneficios-para-mae-e-bebe&gt;.

LEÃO, Eliseth Ribeiro. Música e tratamento para dor de cabeça têm tudo a ver. Entrevista concedida ao site Enxaqueca Crônica. Disponível em: <https://enxaquecacronica.com.br/noticia/77/musica-e-tratamento-para-dor-de-cabeca-tem-tudo-a-ver&gt; Publicado em: Publicado 11 de outubro de 2017.

Violência contra a mulher


Uma cultura que produz vítimas

Por: Amanda Nunes da Silva*

No Brasil, uma mulher morre a cada duas horas vítima de violência. No decorrer de 2018 para 2019, dados do Data Folha revelaram, quase um quarto da população feminina passou por algum tipo assédio.

Entre os casos de violência – física ou psicológica -, quase metade ocorreu no ambiente doméstico e, em mais da metade dos casos, não há denúncia do agressor por parte das mulheres.

A realidade bruta e encarnada da violência de gênero não é nova na cultura na brasileira. A questão vem, contudo, se transformando em problemática e debate da sociedade. Sociedade heterogênea, com opiniões diversas.

Mas uma característica é cada vez mais enfatizada nos noticiários e no debate cotidiano: o estatuto da traumatizada como vítima. Como enxergamos o trauma na atualidade? Como denominamos aquela que sofre de violência? Vítima? Sobrevivente?

Não é minha pretensão, aqui, achar uma resposta absoluta nem chegar à origem do termo. Mas refletir sobre como atribuímos esse estatuto de vítima e em que níveis essa nomeação é produtiva para aquela que vive o trauma. Rejeitando a ideia de advogar a favor ou contra de um lado do espectro e, sobretudo, entendendo como chegamos a essa forma de reconhecimento da vivência de dor.

Primeiro de tudo, temos de ter em vista que o reconhecimento da pessoa que passa por uma vivência traumática como vítima não é consenso na história. A ideia de vítima como pessoa desamparada e fragilizada, com direito a uma compensação pelo sofrido é uma construção social e firmada como uma espécie de contrato social há apenas algumas décadas atrás – ainda que cause intriga e negação de muitos até hoje…

Interessante pensar que um marco desse fenômeno cultural é o diagnóstico de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), amplamente disseminado a partir de 1980 com o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM III).

O trauma

Já a ideia de trauma não é recente. Muito pelo contrário, esse termo é estudado há séculos pela Psicologia e pela Psicanálise. Foi nos contextos de pós-guerras que os estudadores observaram e passaram a buscar compreender os danos psíquicos do traumatismo.

Mas o trauma não é território somente dos sobreviventes de guerra. Basta ser humano para ser traumatizado.

O trauma tem a ver com uma experiência excessiva, incapaz de ser elaborada, dita ou representada. É parte da vida vivenciar o traumático, seja no lidar com a morte, com a nossa insuficiência diante das tragédias da natureza, ou na relação com… outras pessoas.

Somos, para além do bem e do mal, marcados pelo trauma constitucional, dado desde o início de nossas vidas.

Agora, o que isso tem a ver com aquela tal violência da qual falávamos? Calma, estou chegando lá.

Estamos fadados e fadadas ao trauma. Claro, em medidas e intensidades diferentes. Cada realidade e condição de vida – seja sexo, gênero, cor da pele, etnia, deficiência – gerará uma experiência traumática particular e singular. E sabemos que, no decorrer da história, algumas formas de trauma foram preteridas em detrimento de outras.

Por isso que a luta de mulheres e aliados para dar voz aos sofrimentos gerados na condição de ser mulher nos trouxe a um ponto da história que, mesmo sem consenso, somos capazes reconhecer a dor dessa que chamamos de vítima.

Agora chegamos em um novo obstáculo. Caminhamos por uma longa estrada. No ponto inicial a indiferença reinava e direitos eram inexistentes. Era quase que impossível admitir os efeitos da violência. E hoje, ainda com muitos nadando contra a corrente, precisamos lidar com mais um entrave: as chances acabar tirando a voz daquela que sofre violência.

Porque, na tentativa de identificar a violência, construímos parâmetros, formas de intervenção e discursos de prevenção. Esses são necessários para o reconhecimento social do sofrimento. Mas, com isso, muitas vezes caímos no erro de limitar a voz da vítima. Justamente ao tentar certificar que aquela dor é vista e legitimada, cristalizamos essa pessoa em discursos e diagnósticos jurídicos, médicos e técnicos. Nomeamos aquela de vítima e esquecemos que aquela mulher é agente da própria história. E que tem algo a dizer sobre sua experiência. Algo que foge do estatuto de vítima. Uma narrativa sobre si que só ela pode dizer. Nenhum médico, juiz ou profissional possui é capaz de nomear que aquela mulher tem a dizer.

Esse é um grande desafio. Afinal, falar em trauma nos leva a entrar em contato com o indizível; com o que não conseguimos representar. Então por que engessar a que sofre violência apenas no estatuto de vítima? Talvez nos seja mais humano reconhecer o que há de traumático na violência. E perceber que, às vezes, não há nada o que ser dito. Se colocar de ouvidos para a outra. Lutar contra a tentativa de preencher o vazio que a angústia traz e estar lá para escutar. Porque uma vítima é uma sobrevivente. Ser vítima não é ser alienada da própria vida. E, às vezes, ser vítima não é ser vítima.

*Psicóloga, pós-graduada em Teoria Psicanalítica pela PUC/SP. Atua como psicóloga clínica em São Paulo/SP, focando sua prática profissional no estudo e articulação entre Psicanálise, Feminilidade e Feminismo(s).


Amanda Nunes da Silva